28.1.09

Produtividade...

Você já tentou escrever trinta páginas em cinco dias?
Tente e sinta o prazer.
E ainda, ao fim, saber que provavelmente 0,5% do que se escreve está errado. Já se foi a época em que se acentuava cor. Devia ser mais bonito uma cor acentuada... fica mais viva... os voos também perderam esse privilégio e, com ele, um pouco de seu charme.

...

O que é mais assustador: o que muda ou o que fica?

4.1.09

Para Pandora...

A liberdade é uma jaula, um vôo cego, vazio de sentido. Como um quadro em branco, sem diretrizes, sem direções.
É preciso saber lidar com tamanho desafio, saber os rumos das escolhas que nos levam a lugar algum. Saber o caminho dos vôos sem destino.
Liberdade é o desapego, a falta de ligação que nos prende a algo. É, antes de tudo, uma idéia, ou além, um ideal. É como a esperança da caixa de pandora, que por lá ficou para iludir os homens sobre seus futuros.
A liberdade é uma ilusão análoga, apresentada e mascarada pelo desejo.

Antes de mais nada, desejo ser cativo: ser prisioneiro das minhas construções, do que julgo fazer parte. A busca da liberdade é o caminho mais fácil, a ilusão do tudo poder. Quando percebemos a natureza desta busca, pode ser tarde demais: há males que só se cortam pela raíz, ou ainda, heróis que só morrem decaptados.

18.12.08

It's been a long time since I rock and rolled...

Dois anos e um mês...
O que nos faz voltar a atenção a algo que havíamos deixado para trás? Saudades? Solidão? As incertezas à frente?
Passo coletando os lixos virtuais.
Será que ao longo de todo esse tempo algum gari digital passou por aqui e deu um uso a estas palavras? S
erá que elas ficaram isoladas? Será que cumpriram o papel de serem a caixa em que cabe a loucura de seu autor?
Será que vale a pena olhar para a frente e seguir este caminho?
Este divã digital, espaço do monólogo dialógico de pensamentos desconexos e dedos escritores...
Seguirei em frente, sem saber ao certo o que irei encontrar, com movimentos lentos e tateando o que há de vir.
Quando os olhos falham é preciso apelar aos outros sentidos.
Há horas em que gostaria que eles falhassem...



17.11.06

Primeiro a tragédia, depois a farsa...

Breve ensaio sobre a tristeza


e àqueles que nada pedem é impossível não esmagar!
tudo que lhes é permitido em sua pífia tentativa de compreensão e consenso não é nada mais que ser humilhados.
alguém pensa sobre o que poderão estar pensando os outros?

original: http://www.rosas-a-ninguem.blogspot.com/

2.11.06

Quantas amizades...

Essa coisa moderna, quase pós, de ter várias personalidades, ser fragmentado, se portar de diversas maneiras em diferentes lugares, nos levam a coisas as quais não nos damos conta. Relevando cada problema que essa multifacetada personalidade pode trazer, pensemos no quanto isto também pode ser instigante.
Quantas amizades não fazemos com uma pessoa de mesmo nome?!? O mesmo corpo, tantas idéias distintas...
Quantas conversas não são mantidas em paralelo por mesmos corpos físicos em universos distintos? No trabalho, no bar, na rede de amigos virtuais, no blog, na sala de aula, numa cantina...
É engraçado como os assuntos de trabalho são para as pessoas de trabalho e que os assuntos de bar são para as pessoas de bar. E todos nós somos todos estes.
É assim também que vai se descobrindo a cada dia se ter um amigo que não se conhecia, alguém que sempre esteve ali e que a gente não via. Fazer uma mesma amizade zilhões de vezes!
O portador do mesmo nome pode ser tão diferente, tão inesperado, tão novo!
Se temos tantas posturas e personalidades, não é exclusividade de nenhum de nós, afinal de contas de médico e louco, todo mundo tem um pouco. Descobriremos um mesmo amigo quantas vezes for possível.
Talvez seja igual a uma bela árvore, que a cada dia deixa uma flor diferente cair no chão, para ser apanhada por quem sempre passa por ali.

29.10.06

Um pouco de cor...

Por que nos deixamos perder na tristeza? Como deixar esse estado patético de loucura solitária? Hum... não vou beber até cair, não mesmo. Muito menos me filiarei a partidos políticos; nem pensar. Recorrer à psicodelia poderia ser a escapatória, mas quero mesmo é mais realidade. Interação! Meu mundo está cinza demais para querer ficar nele.
Aliás, um blog introspectivo, cuja primeira pessoa tomou o lugar, apareceu. Não era pra isso que serviria. Já não sei o que quero, mas ainda sei o que não quero: e com certeza não é uma introspecção amorfa e deprimente, que contagia a tudo e a todos nas relações com um ser que nada é. Um pouco de cor não cairia mal.
Levantar a cabeça custa, ainda mais quando os pensamentos pesam demais. Mas afinal, pra que servem as abstrações? Abstrair as abstrações é a saída. Pensar demais funde a lucidez.
Dosar a lucidez é bom. Perdê-la é a loucura. Exarcebá-la, a paranóia.
Tragam a luz, mas dissecada. Coloquem-na em um movimento mais vagaroso. É preciso vê-la com calma para enxergar por onde andam as cores. Ver correndo, é ver um branco passar. Nem olhar é ver o nada da escuridão. Saber dosar é saber o que tem por trás de todo aquele movimento frenético, da velocidade inimaginável: o colorido é a mediação entre a paranóia e a loucura.

Expressão da embriaguez...

Noite solitária. Chego em casa embriagado. Nada mais me interessa. Um bar cheio de más recordações. Pra onde olho, a banda tocando, tudo me lembra o que queria esquecer. Por que preciso disso? Merda! Apenas queria esquecer. Cada olhar que não se cruza, que se perde na tentativa, cada esforço jogado fora. Queria que fosse diferente. Nada acontece por acaso... nada acontece de propósito... nada acontece. Apatia resultante do passado, influenciando o futuro. Olho, olho, e nada faço... Não sei se a contemplação me satisfaz. Não sei o que quero. Talvez só queira tentar.
Chego em casa embriagado novamente... as teclas se movem, fogem do meu controle. Escrevo, mesmo sabendo que posso me arrepender. Mas seria melhor me arrepender pelo que escrevo do que pelo que faço, ou pelo que deixo de fazer.
O vômito seria a melhor expressão da embriaguez!

28.10.06

Caminhando...

Tenho tanto pra contar.
Os sonhos que tive, as poesias que li, os livros que não terminei.
O caminhar, o fim da tarde: o sol na perpendicular.
O som nos ouvidos, o sorriso despretencioso.
As pessoas em volta: nem me olham (eu as olho, mas confesso que não presto atenção).
O pensamento vai longe.
Um carro em minha passagem desvia a rota da cabeça... onde estava mesmo?
...
Sim, ainda me lembro o que tinha pra contar. Pelo menos a maior parte das coisas.
Você gostaria de ouvir? Ah, a quanto tempo não nos falamos...
Deveria parar de me esconder.
Longe de tudo, sigo um caminho ainda indefinido; não sei nem por onde passei até chegar aqui.


8.10.06

Is it in the right place?

Silence is the best way to say what we want. Distance, the greater proximity. Solitude submerged inside what we don't want, to run away from what we want. Nights of wonder (it's hard to wake up in the morning, after those dreams). The pain in the body, the lost of the mind.
Smashed against the wall hope becomes fear, changing the world, the colors, the light. How many times? How many friends? How much does it cost for us to become stronger? How much empty lives? How much mistakes?
"Who controls the past, controls the future". But, it escapes from our hands, from our thoughts. Running away is not the best way. Fighting is in vain. There is no escape from this road. The turning point is missed, the future is shrouded.
Words have no meaning. Actions took their place. Ideas are not the same everywhere. Why don't we think the right thoughts? Why are ideas out of time, out of place?
Lost, simply lost... anywhere, anytime... Hope is high but time is low.

29.9.06

The dark side...

Quantas pessoas ainda teremos que representar? Quantas personalidades teremos que confrontar? Quantas máscaras terão que cair? Cada sorriso colado na cara, cada tristeza estampada, cada angústia sufocada...

Quem você é?
Não sei.
O que você sente?
Não sinto
.
O que você quer?
Talvez.

Como saber o que fazer, caro Vlad, nestes tempos tão fragmentados? Como saber o que querer entre tantas possibilidades não apresentadas? Como saber o que representar?
Cada personagem tem sua peça, mas as histórias são diferentes. Cada ator é o ego de seu umbigo; a melhor representação que se pode fazer de si mesmo, sem saber o que se é.
Brincar de ser seus próprios heróis é confortante. Te transforma no vilão de sua própria existência, no ator das mentiras afirmadas veementemente, até que a última gota da loucura caia sobre o palco das grandes encenações. Os heróis fazem os vilões, as mentiras edificam as verdades. Os atores terminam suas peças, as peças terminam com seus atores. Os autores andam escondidos dentro da cabeça de cada um que planeja ser dono de sua própria atuação. Mas o controle parece estar com a platéia. A platéia que também é feita por atores que atuam suas perspectivas. O ator só é ator para si mesmo, autor de sua própria ação. Para sua platéia, ele é a platéia. Recebe a atuação de quem o vê.
As atuações determinarão o grand finale das peças. O palco de cada ator verá as cortinas se fecharem. Ele e o fim de sua grande encenação se afastam do teatro que se encerra do outro lado do pano negro. Os holofotes se apagam, o camarim é solitário. Será que atuamos sós?

As portas se fecharam e as chaves foram jogadas fora.
Há alguém em minha cabeça, mas não sou eu!


16.9.06

Que fazer?

Uma vez um carinha escreveu um livro chamado "Que Fazer?".
Assim como o Silvio Santos nunca vê os filmes dos quais ele fala, eu também não li este livro, mas me falaram (e não foram minhas filhas, seja lá qual for o número delas, até mesmo porque não as tenho) que tinha a ver com os destinos da humanidade e essas coisas mega-importantes.
Então, naquela época, acho que ele já estava preocupado com alguns problemas que poderiam completar humanisticamente tanto ele quanto as pessoas com quem ele convivia. Mas talvez não pensasse que o que ele pensava poderia danar com a vida de um monte de gente... ou pensava e achava que era um mal necessário. Mas, mesmo que pensasse, ainda achava que era um mal necessário, ou até mesmo um acerto de contas. Não importava o que acontecesse com os outros, havia coisas que eram importantes, projetos a serem realizados, e as subjetividades alheias não poderiam atrapalhar.
Daí, a gente olha pro nosso mundo e vê projetos, bem como possibilidades. E nos perguntamos: que fazer? E é óbvio que não é fácil escolher. Pois existem as coisas que são mais prováveis e as que não são tão certas assim, pelo contrário. Que fazer? Se arriscar pelas trilhas mais espinhosas? Percorrer o caminho mais fácil, mas nem por isso conhecido? Olhar para o que se coloca na sua frente? Ou para o que se coloca longe no horizonte? Alcançaremos o que está ao longe? Ou é só uma miragem?
Como diria um outro cara que cita outros caras, "o certo é o fácil e o fácil é o certo", ou então, "o excelente é inimigo do bom". Como saber o que realmente é fácil, bom, excelente ou certo se tudo depende dos caminhos a trilhar e que ainda estão fechados pelas incertezas? Como lidar com as subjetividades se nem sabemos quais suas intenções? Como saber se alguém também liga para nossas subjetividades? Como realizar os projetos? Como ter certeza que o que parece mais fácil é o mais fácil? Que o mais distante é irrealizável?

BOOOOOOOOOOM! Cansaço.

Dúvidas lançadas, façam suas apostas, mas calculem as possibilidades. Os conselhos ajudam, mas confundem.
Quando se está certo de algo, e alguém te convence em olhar para o outro lado, é um sinal de que não se estava tão certo assim? Ou seria de que o mundo não é uma esfera ideal traçada sobre uma linha reta?
Como se lançar às ofensivas sem destruir o outro? Há guerras sem perdedores? Há embates sem discussões? Há simetria de relações? As estruturas se invertem, a entropia nos consome. Os males são necessários? Os projetos tão importantes? Quem se importa? Eu me importo. Vale a pena se lançar às incertezas?

A dramatização é genial!

3.9.06

Pensamentos e olhares...

Às vezes, se quer desabar. Parar de ver o mundo rodando, independente da força que se faz contra seu movimento. O pensamento arquiteta tudo o que se quer, ao mesmo tempo em que calcula o que não se pode ter. As procuras são sem sentido: só se sabe a forma, mas não o conteúdo. Mas mesmo assim, a procura continua. Mesmo sabendo que existem coisas que não se procura, ela não cessa.
O mundo, ah, este continua seu movimento. E o olhar que parece alheio a tudo só queria participar da festa, poder fazer um pouco da força que ajuda a pôr o mundo em sua trajetória aleatória, alienante. O olhar que queria se traduzir em ação. Em dar à forma a sua substância. O olhar que já não sabe para onde mirar, mas que procura qualquer ponto onde possa repousar. Busca criar um repouso qualquer, mas logo sua concentração é quebrada por um movimento ligeiro que desvia sua atenção para um outro ponto. E assim, de ponto em ponto, o olhar vai se perdendo. Olha para trás e lamenta, olha para os lados e se perde, e, por mais que tente, não consegue olhar para frente. Não tem um ponto posto ao qual se concentre sem precisar virar a cabeça, sem perder a atenção. Perde-se em cada ponto que tenta eleger como referência. Sabe que essas coisas não se inventa. Mas, também sabe que não pode esperar que as coisas entrem no seu campo de visão; também tem que procurar pelo que quer ver.
E o olhar já não sabe onde está. O pensamento toma suas rédeas, ora incentivando-lhe, ora deseludindo-lhe. Também o traz à realidade. Tira-lhe das idealizações que costumeiramente constrói. E, quando o pensamento falha, a experiência se encarrega de mostrar quão cego é o olhar. Mostra o ponto que não é. A linha torta sobre a idéia reta. A realidade sobre a idealização.
E nessa briga, o olhar novamente se perde. Precisa de seu ponto, mas este lhe escapa. Quando acha que o encontrou, ele foge. Depois, já não quer mais o ponto. Tem medo de focar, sabendo que mais uma vez pode ser uma ilusão, e não só de ótica. Mesmo quando acha que deve focar, não o faz. Talvez porque a nitidez seja impossível, talvez porque o olhar é pequeno demais para o que se quer observar...

2.9.06

Dos confins aos fins...

Rima pobre. A fila não anda.
Estagnado; amargar a última posição.
Correndo a favor de tudo que é contra.
Topando, batendo, passando, relando, trombando.
Onomatópeias dos sentidos espalhados na cabeça vaga,
no peito curvo, na alma desesperançada.
Temas recorrentes, repetições enfadonhas.

19.8.06

Escolha!

"Viver é escolher!" Hoje vi esta frase, que poderia ser a afirmação de qualquer filósofo que quisesse causar espanto com uma nova visão ontológica sobre a condição humana e os rumos da existência. Mas não, era só um slogan comercial, tentando nos vender mais um produto ou serviço através da massificação da informação. Origem a parte, a reflexão dos fatos dados é mais instigante.
A vida realmente pode ser feita de escolhas? Sim... e não. Possivelmente estamos escolhendo a todo instante, mas isso não quer dizer que a caracterização da nossa existência são as escolhas que fazemos (isso até parece um pouco existencialista demais). Viver já é a falta de escolha. O nascimento e o crescimento trazem ao mundo um ser que não refletiu sobre sua origem e sua vontade de se inserir na realidade à qual foi lançado. A vida não é escolha, é uma imposição àqueles que a ela são integrados, sem serem questionados sobre suas vontades de dela participarem (até mesmo por que a resposta só poderia ser dada por seres que já existem!). A escolha nesse caso só pode ser feita depois que já se está vivo e consciente: escolher entre viver ou morrer (e voltamos ao existencialismo!). É isso que nos faz diferente dos outros animais, saber que temos a escolha de viver ou não. A vida e o viver já são imposições anteriores à escolha, o que caracteriza uma não-escolha, e a renúncia à vida é uma peculiaridade humana, a escolha que pode acabar com a arbitrariedade da natureza.
Deixando de lado o nascimento do ovo e da galinha, voltemos às escolhas. Chocolate ou menta, azul ou verde, claro ou escuro, leve ou pesado... Toda escolha é antes de mais nada uma negação daquilo que não foi escolhido. Se escolhemos o azul é em detrimento de todas as outras cores que pudéssemos imaginar. Negamos a todas as outras para afirmar a preferência ao azul. Ganha-se o que se escolhe. Se perde, através da negação, tudo o que não foi escolhido. Então, escolhas, mais do que afirmações, são negações. Mais do que ganhos são perdas. Escolha um e perca todos os outros!
Além disso, escolhas não são ações exatas. Aí sim elas se assemelham à vida. Se você quer o carro do seu vizinho, e isso é uma escolha, não significa que ele vai te dar ou vender o carro. Sua escolha não depende só de você (sujeito) e do objeto escolhido, mas de um outro agente regulador das relações entre pretendente e pretensões. Minha vó já dizia que se um não quer, dois não brigam. Então, a escolha já não é escolha, é negociação. Temos que convencer àqueles de quem queremos algo a nos dar o que almejamos.
Assim, as escolhas parecem idealizações que mediam o que se tem à disposição e o que realmente se quer. Se quisermos o que temos à disposição talvez realmente teremos feito uma escolha (mas como saber, se não conhecemos as outras possibilidades?). Acho que querer o que se tem à disposição é o que as pessoas chamam de felicidade... Agora, se quisermos o que não temos acesso, veremos um exemplo típico da vida, da realidade material e da dialética em ação. Movimentos distintos com objetivos distintos. Escolher a escolha do outro. É possível que consigamos o que queremos, mas não antes sem perder ou abrir mão de algo que nos é caro.
Acho que viver não é especificamente escolher. Talvez seja mais do que isso. E se escolha fosse mesmo a base da vida humana, ela só contrariaria sua própria essência, fundada na arbitrariedade da natureza. Só se vive em relação com outras vidas e subjetividades, o que já dá para nossas escolhas um caráter idealizado previamente das ações futuras, sem levar em consideração as mesmas idealizações das outras vidas em ação. Não adianta escolher bala de menta se se tem apenas chocolate ou morango. Assim, se morre agonizando. Se eu quiser escolher minha vó para presidente, não poderei, porque as escolhas do que posso escolher já foram feitas e não foram por mim. Mesmo assim vou vivendo, escolhendo, negociando, politicando, sofrendo, enganando a mim mesmo sobre minhas próprias escolhas.

17.8.06

Samaúma...

Beleza encrustada. A aparência da velhice e da podridão, do que já não mais carrega dentro de si nada ao que se possa chamar vida. Os veios abertos pelo tempo dão à aparência a magnitude da força. A resistência. Sua base firme e enraizada parece apontar para todas direções. Seus incontáveis galhos atestam sua vivência. Suas folhas nos enganam sobre seu futuro. A morte, o olhar vazio, o cinza e o marrom. Mas por dentro corre algo. E há de corrar ainda por muito tempo. É só lá, conhecendo suas entranhas, que é possível saber e, mais ainda, entender que há algo que a faz continuar de pé. A tristeza quase intransponível da externalidade nos engana mais uma vez sobre a vida que lá ainda corre... e no alto, em sua copa, teima em cantar o pássaro solitário.

11.8.06

The deepest purple...

Até que ponto se pode suportar a dor e o peso que cada palavra pode causar? E as coisas para as quais as palavras não expressam a dor? A intensidade e a imprevisibilidade trazem situações as quais nos desconcertam, que nos transformam, viram do avesso nossa cabeça, nossa personalidade. Mudam nossa condição física e mental. Fazem com que nós nos mudemos de onde sempre vivemos, onde nos criamos, onde nossa imaginação ganhou asas e vôou para um mundo que o tempo e as responsabilidades foram desconstruindo lentamente e que num momento desmoronaram por um golpe fulminante. Um baque tão forte que derruba o mais forte dos guerreiros. Mas nenhum destes sabe a força que realmente tem. Descobre suas forças em cada queda que leva. Desgasta sua vida, doando-a para outro a quem respeita, a quem quer bem. Mas isso não basta. Todo momento em que parece edificar seu castelo, o vê desmoronar outra vez. Sempre que remete suas lembranças ao local da infância se vê puxado pela realidade horrenda que o cerca. A materialidade se impõe a ele e toda tentativa de sonho se dissipa. A volta à terra dos doces sonhos infantis só será feita depois de sua morte. A batalha é interminável, o guerreiro incansável. Infelizmente as batalhas duram mais do que os guerreiros.

13.7.06

Breve sonho...

Hoje sonhei com você. Com a distância que nos aproxima. Com a distância que nos aproximava. Com o carro que me levaria até a porta onde a batida suave revelaria a abetura de uma nova possibilidade. Um devaneio daquilo que foi e não pode mais ser. Um salto atordoado da rede sustentada pela madeira nativa. A sensação esquizofrênica de não saber quem sou, onde estou. Um suspiro...longo...Esmurro o pano que me alenta. Um soco sem rebote. Consumido pelo movimento que eu mesmo causo. Como aquilo que sonho: tentativa desperdiçada, possibilidade esgotada. O acordar me traz a vida, em sua face mais cruel. O isolamento, a distância, a falta, a impossibilidade, o querer, a falta de ter alguém a quem chorar, a quem culpar, a quem ouvir...
Solidão.

11.7.06

Vomitando...

Pessoas... aquelas que falam demais não dá! Pensar talvez seja diferente de refletir. A reflexão é a exposição do pensamento à crítica. É ruminar aquilo que não se deve vomitar pra fora de uma máquina fértil produtora de idéias e frases! Cada máquina em seu ritmo. Os clocks diferenciados não permitem a sintonia de qualquer idéia jogada ao acaso. Pior é defender com agressividade o que se sabe estar errado e depois querer voltar atrás.
Um amigo me disse que o passado não se altera. Talvez não mesmo. O que seria o passado se não a história contada no presente que se refere a um tempo onde as relações eram outras? Aliás, quais eram as relações? É o conto que determina e releva as que quiser. Fazer o passado é manipular o futuro. Contar uma história esperando uma reação causada pelo que se escolhe revelar. Falar do passado é planejar o futuro...

5.7.06

Encontro com a morte...

Não, não quero ser herói. O mínimo que se espera deles é cuidar da própria vida.
"A tout le monde
A tout mes amis
Je vous aime

Je dois partir
There are the last words
I'll ever speak
And they'll set me free"